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Qual a importância da família na Terapia da Fala?
Mónica Monteiro, Terapeuta da Fala no Espaço Crescer • jul. 04, 2022

A família desempenha um papel crucial no desenvolvimento da criança, uma vez que é através desta que se constroem pessoas adultas com uma determinada autoestima e onde estas aprendem a enfrentar desafios e a assumir responsabilidades. Deste modo, é na família, principalmente nos pais, que a criança encontra o seu suporte. E, na Terapia da Fala não poderia ser exceção. Na presente newsletter, iremos falar sobre o papel da família na Terapia da Fala e quais as suas vantagens no processo terapêutico.


A importância da família no processo terapêutico

Diversos estudos têm demonstrado que a participação dos pais no processo terapêutico é fundamental para que a evolução da criança aconteça de forma mais efetiva e rápida.

Muitas vezes, os pais pensam que a Terapia da Fala é um processo apenas entre a criança e o profissional, mas não é. Quando os pais se tornam membros ativos no processo de intervenção, há benefícios não apenas para a criança, mas também para os pais e o terapeuta

Quando uma criança chega pela primeira vez à consulta, vem sempre acompanhada por um familiar (mãe, pai, avós…). É nesta primeira consulta (de anamnese), que o terapeuta recolhe todas as informações sobre a criança e a sua família, sendo esta a primeira ligação entre pais/cuidadores, criança e terapeuta. Os pais/cuidadores são fundamentais como informadores numa fase de avaliação, mas também como parceiros numa fase de intervenção. Desta forma, a família deve ser vista como parte integrante desse processo, pois é nela que está toda a base da criança.


Porque é tão importante esta articulação entre pais e terapeuta?

Tendo em conta que a criança passa mais tempo em casa ou na escola do que na terapia, é fundamental que haja uma parceria entre o terapeuta e os pais/cuidadores para que os objetivos sejam mais rapidamente atingidos.

Neste sentido, o terapeuta deve explicar aos pais o plano terapêutico, orientá-los em relação às atividades que a criança deverá realizar em casa e promover o seu envolvimento no processo. Os pais, por sua vez, devem reservar, sempre que possível, um tempo para colocar em prática as sugestões do terapeuta, conversar com a criança, apoiá-la e manter a assiduidade nas consultas.

Na maioria dos casos, o terapeuta passa apenas 45 ou 90 minutos por semana com a criança, por isso se os pais não mantiverem em casa os exercícios que vão sendo propostos e não estimularem a criança para os fazer, os resultados serão mais demorados. Assim, a parceria entre o terapeuta e a família deve ser vista como um todo, dando continuidade ao processo terapêutico no dia a dia da criança e possibilitando que ela generalize os comportamentos e aprenda com maior eficácia.

Para que se verifique uma maior aproximação entre o terapeuta e a família é indispensável que se proporcionem reuniões e momentos de partilha, para que no seu decorrer os pais/cuidadores possam participar, ser ouvidos, colocar as suas dúvidas, expor as suas opiniões e compreender melhor o trabalho do terapeuta. Todo esse processo de envolvimento contribuirá para que as famílias se sintam valorizadas e mais facilmente colaborem no processo de intervenção.


Como é que os pais podem ajudar diretamente o terapeuta?

A melhor forma dos pais/cuidadores ajudarem é através do feedback. Esse feedback vai ajudar o terapeuta a definir melhor os seus objetivos e a perceber o que funciona melhor com aquela criança em particular. Os pais podem partilhar informações com o terapeuta sobre a personalidade, as preferências e determinados comportamentos do dia a dia da criança que podem ser utilizadas para motivá-la. Além disso, essas informações podem ajudar o terapeuta e os pais a dar consistência ao trabalho com a criança nas consultas de intervenção e em casa. Daí ser tão importante incluir os pais neste processo. A probabilidade de os pais/cuidadores se sentirem à vontade para dar um feedback valioso ao terapeuta, é tanto maior quanto mais ativos e envolvidos estiverem no processo terapêutico.


Quais as vantagens desta parceria?

A colaboração da família, favorece a adesão da criança ao processo terapêutico, uma vez que gera um ambiente de confiança em que ela se sente segura para realizar as atividades propostas. Além disso, contribui para o fortalecimento do vínculo afetivo entre a criança-pais/cuidadores e isso reflete-se em todos os contextos do dia a dia da criança. Por sua vez, com a participação da família, o terapeuta tem a oportunidade de enriquecer a qualidade da sua resposta terapêutica, tendo em consideração que a partilha e a troca de saberes com os pais sobre a criança proporcionam um maior conhecimento acerca das suas características e preferências. Desta forma, a parceria terapeuta-família-criança deve ser uma relação onde haja a disponibilidade para ajudar e ser ajudado, pois só desta forma será possível retirar melhor proveito das situações que visam o bem-estar e a aprendizagem da criança.


E quando os pais não têm muito tempo útil para ajudar os filhos?

Com a correria do dia a dia, sabemos que nem sempre os pais possuem o tempo desejável para ajudar os filhos em todas as suas tarefas. No entanto, não é preciso passar horas a brincar/estimular a criança. Por vezes 10 a 20 minutos diários são suficientes para promover a proximidade com a criança e estimular as suas competências. Aproveite as viagens de carro, as tarefas domésticas, as rotinas do banho e das refeições! Todos os ambientes são favoráveis para a estimulação e aprendizagem.

Cada um de nós tem uma função diferente no processo terapêutico. Se participarmos em conjunto, a evolução da criança será mais rápida e efetiva! Os resultados com maior sucesso terapêutico normalmente acontecem quando existe uma família ativa no processo.

Bibliografia

 

  • Aradas, A. C. (2019). Abordagem Baseada nas Rotinas - Percepção dos Terapeutas da Fala. Retrieved.
  • Callou, T., & Caloul, A. (fevereiro de 2020). A Contribuição Familiar no Processo Terapêutico da Criança: Um Estudo Bibliográfico. pp. 436-449.
  • Ferreira, L. (2020). Terapeutas da Fala em contexto clínico: Práticas Centradas na Família.
  • Givigi, R., Santos, A., & Ramos, G. (2011). Um novo olhar sobre participação da família no processo terapêutico. pp. 221-228.
Exemplos de pesquisa: #psicologia, #terapiadafala, ansiedade, voz
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